Quem tem a chave do seu coração?

Muitas pessoas depositam a sua felicidade nas mãos de outra pessoa, esquecendo-se de que quem não se ama a si mesmo nunca conseguirá amar verdadeiramente alguém

 

Confundir amor genuíno com uma carência afetiva é algo mais comum do que possamos pensar, pois existem cada vez mais pessoas a dependerem emocionalmente dos outros, como resultado de uma baixa autoestima. Esta necessidade extrema de estar junto de alguém e de lhe agradar seja a que custo for, com medo de o poder vir a perder, conjugada a sensação de que deixará de existir sem o outro e de que a sua vida só tem sentido se o outro estiver por perto leva muitos a não se autovalorizarem e a aceitarem tudo para não perderem o/a companheiro/a.

 

INTERIOR

O ciúme exagerado, o controlo cerrado, o medo constante, o sentimento de posse, a sensação de insegurança e de ansiedade permanentes são algumas das caraterísticas que definem uma personalidade dependente a nível emocional. Alguém que dá tudo de si nos relacionamentos acaba por exagerar e sufocar o outro, perdendo o equilíbrio emocional. “Você precisa estar bem consigo mesma antes de tentar estar bem com alguém. Se você ainda tem problemas no seu interior e traumas do passado, não será a outra pessoa que lhe irá fazer bem”, explica a autora Cristiane Cardoso.

 

DEPENDÊNCIA

Melani começou a namorar muito nova, por volta dos 11/12 anos, abandonando tudo e todos para seguir o namorado. “Deixei de ir à Universal com a minha mãe e de aceitar as regras dela, pois, quando conheci esse rapaz, fiz dele o meu mundo. Saía da escola, não tinha horas para regressar a casa e não conseguia estar longe dele. Quando ele não me atendia, eu chorava e deixava de comer. Tornava-me agressiva, não respeitava a minha mãe, dizia palavrões e só queria estar fechada no meu quarto. Só ficava alegre quando ele me ligava, vinha à minha casa ou passava o dia comigo”.

 

DESESPERO

Da adolescência passou à fase adulta, mas a vida sentimental de Melani tornou-se ainda mais complicada do que já estava. “Tornei-me cada vez mais agressiva e esse relacionamento de dependência durou 7 anos. Tudo o que fazia tinha de ser com ele e se ele não estivesse por perto, chorava, não comia e passava noites sem dormir. Para poder ir ao encontro dele, mentia à minha mãe e aos meus irmãos. Quando saíamos à noite, muitas vezes, eu agredia outras raparigas e não o deixava estar com os amigos. Quando era agressiva com ele, também recebia agressões de volta.

Aos 17 anos, descobri que estava grávida e foi, nessa altura, que o meu namorado foi ter com a minha mãe, dizendo-lhe que já não me queria mais. Então, tentei o suicídio porque achei que sem o ter na minha vida, o meu mundo tinha acabado!”

 

TERAPIA

Depois da sua filha nascer, recebeu um convite de uma amiga para participar na Terapia do Amor. “A partir daí, comecei a aprender que não precisava de depender do pai da minha filha, mas somente de Deus! Palestra após palestra, a minha visão foi-se abrindo e acabei por abrir mão daquele relacionamento. Não foi fácil, mas queria priorizar a Deus! Daí em diante, a minha vida sentimental mudou, pois aprendi a amar-me para depois ser amada. Hoje, tenho uma vida sentimental transformada, pois encontrei um homem de Deus e temos sido cada vez mais abençoados!”   

Fonte: Folha de Portugal