Quando os jogos online quase arruínam uma vida

Depois de uma infância destruída, Miguel procurou preencher o vazio interior com os vícios

“Sofri muito desde criança, pois os meus pais passavam o tempo todo a discutir, o que acabava por gerar violência. Então, comecei a trazer também isso para a minha vida, batendo noutras pessoas. Carreguei essa bagagem emocional, começando a ficar muito revoltado e a refugiar-me no tabaco, nas drogas e no mundo dos jogos online, pois era ali que tentava preencher o vazio.”

VÍCIOS

“Como não conseguia dormir, passava noites inteiras a jogar sem parar. Nesse mundo online, sentia-me bem, pois ninguém falava comigo e eu não falava com ninguém, isso ia-me preenchendo. Mas chegou a um ponto em que me cansei de tudo isso porque a minha vida estava sempre a andar para trás. Cheguei a ir parar, muitas vezes, ao hospital com crises de ansiedade e por causa de outras doenças que nem sequer existiam, geradas por aquilo que guardava dentro de mim. No hospital, aconselharam-me a tomar medicamentos para a ansiedade, para dormir e para a depressão. Tomei-os, mas não fizeram efeito nenhum”.

SUICÍDIO

“Não tinha vida social, nem com a família, nem com os amigos. As minhas refeições eram passadas à frente de um écran, pois não queria estar com ninguém. Entretanto, conheci uma rapariga, mas foi tudo por água abaixo porque, quando estava com ela, não conseguia manter uma conversa e só queria voltar para aquele vazio do mundo online. Então, tornou-se uma relação muito problemática e ela acabou comigo. Como não aceitei isso, fiquei desesperado e tentei-me matar. Elaborei um plano em que, um dia, iria para a linha do comboio e esperaria por ele para morrer”.

O CAMINHO

“Foi nessa situação que a minha mãe me convidou para ir com ela à Universal e eu, de tão desesperado que estava, aceitei. Quando cheguei à Igreja não aceitava muitas coisas, mas com a orientação do pastor, dos obreiros e da minha atual esposa, comecei a aceitar e a compreender que era esse o caminho que tinha de seguir. À medida que fui conhecendo a Palavra de Deus, fui vendo vários sinais de mudança, pois a mágoa, a vontade de chorar e o vazio desapareceram e passei a ter paz. Voltei a conseguir dormir, deixei os jogos, o tabaco e as drogas, focando-me somente na Palavra de Deus”.

O BEM MAIOR

“Entretanto, comecei a namorar com a minha atual esposa, casámos, comecei a trabalhar e a nossa vida foi-se estabilizando. Foi, então, que decidi buscar o Espírito Santo, entregando-me 100% a Deus. Depois de ser batizado com o Seu Espírito, passei a sentir uma paz imensa e tudo começou a dar certo na minha vida. Passei a ter vida social, a falar com a minha família e a ter amigos. Antes trabalhava para outros e, agora, tenho a minha empresa de jardinagem. Hoje, tenho paz no meu interior e no meu casamento.”

Miguel Costa

“Mudou da água para o vinho”

“Com o passar do tempo, comecei a ver que ele era um jovem revoltado e com problemas espirituais, compreendendo que ele precisava de ajuda. Como sabia que ele era viciado em jogos online, aconselhei-o que estes não lhe dariam um futuro. Que se ele queria ter um trabalho, uma vida financeira melhor, deixar de viver em casa dos pais, ter um carro e uma qualidade de vida melhor, não seria através dos vícios. Muitas vezes, ele não entendia e dizia que não queria saber. Foi um percurso muito complicado!
Mas, comecei a ver sinais quando uma noite fomos jantar e ele me disse que já não fumava mais. Comecei a ver Deus a trabalhar no interior e na vida dele. Para além de ter deixado de fumar, também parou de jogar e começou a ser uma pessoa mais calma, deixando de ter crises de ansiedade. Ele mudou da água para o vinho! Hoje, somos um casal unido e, apesar das lutas e das dificuldades, com Deus vencemos sempre. Encaramos as lutas como uma oportunidade para crescermos como casal e nas outras áreas da nossa vida. Hoje, ele tem uma empresa de jardinagem e eu ajudo-o”.

Débora Costa, esposa

Fonte: Folha de Portugal