Quando um trauma tem lugar na infância, o mesmo acaba por condicionar o crescimento e acompanhar a criança em todas as fases até à idade adulta
Marilene foi marcada pelo trauma do abuso com apenas 7 anos, através de um suposto amigo da família. Alheia ao que lhe estava a acontecer, a menina foi crescendo, acompanhada pela dor que a afetava da forma mais sombria… esta era mágoa que ela não conseguia “deitar fora”, por mais que tentasse. E a par do trauma do abuso existia o da rejeição por parte dos próprios pais. Como se não bastasse, ainda em criança Marilene também via vultos e ouvia vozes.
FOME E TURBULÊNCIA
A escassez também fez parte da vida da criança, sendo que muitas vezes só ingeria água com açúcar para enganar a fome. Para além disso, o seu ambiente familiar era pautado por brigas constantes. E assim Marilene cresceu, depressiva, ansiosa, triste e angustiada. “Com tudo o que me aconteceu na infância e o facto de ter sido molestada e na minha mente os meus pais não gostarem de mim, tentei o suicídio na adolescência. Ingeri medicamentos com álcool, mas sobrevivi”, relembra.
FINALMENTE FELIZ?
Quando casou, Marilene acreditou que finalmente iria ser feliz. “Engravidei, mas acabei por passar fome já grávida, porque o meu marido não trabalhava. Tirava pão duro às escondidas em casa da minha mãe para comer”. E, dois meses depois da sua filha nascer, mais um duro golpe, foi abandonada, sem uma única explicação. “Vi-me sozinha, com uma filha nos braços… e foi assim que cheguei à Universal, levada pela minha mãe”, conta.
PROCURA DESENFREADA
Até ali Marilene já tinha procurado ajuda nos astros, em centros espíritas, nas cartas, nos búzios… pois procurava entender o porquê de tanto sofrimento. “A minha maior luta sempre foi eu sentir um vazio interior tão grande, que procurava preencher de todas as formas. Relacionamentos, redes sociais…, mas eu era cada vez mais infeliz e depressiva”. Baixa autoestima, depressão, ansiedade, tentativa de suicídio… a jovem mãe tinha todos os sinais de quem carrega uma ferida na alma, a qual a acompanhava desde a infância. “Nunca falava sobre isso com ninguém, mas com certeza contribuiu muito para o meu sofrimento, principalmente na minha vida sentimental”, conclui.
PERDOAR É SUPERAR
“Perdoar a quem tanto me fez mal e a mim mesma foi essencial. O perdão é libertador, traz-nos paz”, afirma hoje a mulher que sabe que apenas Deus teve o poder para mudar a sua história, pois mesmo tendo estado cerca de 20 anos afastada, Ele a resgatou de volta. “Só Deus nos pode levantar, nos fazer feliz e nos dar paz”, garante Marilene, que para além de ter sido curada da depressão, de ter visto a sua mãe ser curada de cancro, hoje é uma avó realizada e que garante que o maior milagre que aconteceu na sua vida foi ter sido batizada com o Espírito Santo. “Ele dá-me paz, alegria. Hoje, mesmo estando sozinha, eu tenho a Melhor Companhia de todas, o Espírito de Deus dentro de mim!”, conclui.
Marilene Antunes
Fonte: Eu era assim
Artigos relacionados
“… não visamos a liberdade física de um recluso, mas sim, a Liberdade interior”
Pastor Ralph Silva fala sobre os desafios de um grupo que luta pela humanização da pessoa em reclusão...Folha
A maior de todas as promessas
A bíblia é um livro cheio de promessas, e Deus fez-nos muitas promessas porque Ele nos ama e
Sexta-feira Santa na EBI
A família é uma criação de Deus, um presente que nós recebemos e que podemos contar em