Fosse nas épocas festivas, dia do aniversário ou até mesmo na data emblemática que é o Dia do Pai, Ana preferia imaginar que o seu pai biológico não existia…

Era a mágoa que falava mais alto sempre que a jovem pensava na relação atribulada que mantinha com o seu próprio pai. “Ele era uma pessoa muito má e praticava muita violência a nível verbal”, relembra. Embora tivessem frequentado a Universal enquanto família, o divórcio dos pais acabou por se tornar inevitável. Ana, a sua mãe e o seu pai, todos acabaram por se afastar da Igreja e o seu pai começou uma nova família, com o tempo, acabando por renegar a própria filha.

AFASTADOS. “Sempre que falava com o meu pai ele magoava-me. Falava mal da minha mãe, entre tantas coisas que fazia para nos magoar. Por isso, decidi deixar de falar com ele, pois preferia estar longe para não sofrer”, confessa. E assim foi, durante 6 anos Ana manteve uma indiferença de tal ordem em relação ao pai que nem se lembrava que ele existia. Apenas quando as suas irmãs a questionavam sobre o pai ela se lembrava dele, já que o resto do tempo fazia questão de ignorar a sua existência.

ARREPENDIMENTO. Após muito tempo longe de Deus, Ana decidiu regressar à Universal. Arrependida dos erros cometidos e disposta a entregar-se verdadeiramente a Deus, Ana escutou o mandamento divino de que devemos honrar pai e mãe. “Foi um choque, pois vi-me motivada pelo Espírito Santo a resolver aquela situação e a procurar o meu pai. Não foi fácil, mas decidi perdoá-lo, pois sabia que era uma atitude que teria de tomar para poder agradar ao Espírito Santo. Na época eu não sabia absolutamente nada sobre o meu pai, onde morava, o contacto dele, nada!”. Ana decidiu então procurá-lo na última cidade onde sabia que ele estivera e encontrou-o.

RECONCILIAÇÃO. “Bati à porta sem saber como seria recebida e o reencontro foi emotivo, mas bonito. A realidade é que eu não amava o meu pai, uma pessoa que me tinha feito tanto mal, no entanto, aquele foi o ponto de partida para o perdão. Decidi reconstruir os nossos laços e, gradualmente, fomos criando a relação de pai e filha. Porém, foi o Espírito Santo que me ensinou a amá-lo. Eu falava-lhe da Fé, da importância da Salvação, pois eu queria que ele voltasse para Deus”.

RESPOSTA DIVINA. A determinada altura, o pai foi diagnosticado com problema de saúde e Ana acompanhou-o às consultas, acabando por se descobrir que tinha um cancro na bexiga em estado avançado. “Pela ação da fé o meu pai aceitou ir morar para perto de mim e começou um novo desafio. Cada etapa envolveu sempre a fé e Deus foi respondendo em cada momento, pois eu sabia que não seria pela força do meu braço e sim pela vontade de Deus. A dada altura eu percebi que já amava o meu pai”, confessa Ana emocionada.

SALVAÇÃO. A reconciliação acabou por se estender a toda a família, pois as suas irmãs, que não se falavam há mais de 20 anos, também acabaram por se reconciliar e reunir com o pai, tendo acontecido o perdão entre todos. Apesar de ter falecido, para Ana permanece a certeza de que o pai foi salvo e é esta certeza que lhe dá muita alegria e paz. Hoje ela guarda a imagem de alguém que foi moldado por Deus, recordando um homem mais humilde, tal como ela diz: “em cada detalhe de todo este processo eu vejo a atuação de Deus”, finaliza a jovem.

Ana Serrano

Fonte: Folha de Portugal

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