Você paga o mal com o mal?

Antes de o sangue ferver, lembre-se de que todo homem tem espírito e pode recorrer a Quem tem a verdadeira força

No mundo animal há aquela coisa de defender território. O dito macho alfa disputa o poderio com outro macho na base de mordidas, usando as garras afiadas, chifradas, cabeçadas ou esporadas.

Por isso, e pela falta de decência e vergonha na cara de alguns, acontecem as chamadas brigas de galo. Como a natureza determinou que só pode existir um macho no galinheiro, os exploradores dessa crueldade põem dois num picadeiro (a chamada “rinha”) e os bichos se bicam e se esporam, não raro, até a morte, para deleite daqueles que apreciam a violência gratuita e para satisfazer a ganância dos apostadores do sangue alheio.

É um dos maus usos que o homem faz da natureza e dessa questão de defender território no peito e na raça. Há quem diga que o bicho não leva desaforo para casa, mas ele é um bicho, não entende esse conceito. Ele segue seu instinto, pois não tem inteligência como a do ser humano para discernir.

Acontece que o ser humano também não anda usando essa inteligência. O “bicho homem” torna cada vez mais comum em nossa sociedade o costume de pagar o mal com o mal. Se ouve uma ofensa, quer ofender em voz mais alta, se leva uma fechada no trânsito, quer responder na mesma moeda, infernizando ainda mais o que já é caótico justamente pelas lamentáveis atitudes de motoristas, pedestres, motociclistas, ciclistas e por aí afora.

Mas essa sede de vingança existente em milhões de homens não pode gerar bons frutos, muito pelo contrário: um quer falar mais alto do que o outro, um quer ser mais “homem” do que o outro, até que consequências trágicas acontecem.

Claro, pode ser difícil não deixar o sangue ferver quando vemos algo errado ou somos confrontados. Mas tem cabimento responder o erro com outro erro?

Sem buscar o equilíbrio no Espírito Santo, é difícil mesmo se controlar, pois confiamos demais em nós mesmos em situações que estão acima de nossa capacidade. “Maldito o homem que confia no homem, e faz da carne o seu braço, e aparta o seu coração do Senhor” (Jeremias 17.5), ensinou o Próprio Deus.

Claro, um homem deve ser capaz de se defender e a seus entes queridos, quando viver uma situação extrema. Ele deve procurar aprender isso, em vez de se achar o tal e partir para uma briga que lhe trará problemas. E deve agir proporcionalmente, claro, sem exageros, como vimos (e já falamos aqui) recentemente no lamentável caso do ator Will Smith, que estapeou um colega publicamente. Agora ele paga por isso, com filmes cancelados e rejeição de boa parte do público. Ele pagou o mal de uma piada tosca com outro mal, um tapa, mas saiu ele mesmo metaforicamente estapeado.

Não importa se quem lhe ofendeu ou injustiçou o ache um frouxo se você não revidar na mesma moeda. E, provavelmente, é isso que ele vai achar mesmo. O que vale é o que Deus vê em seu interior e não o que alguém sem Ele no coração pensa de você.

O homem inteligente não se deixa enganar pelo orgulho ou pela vingança. Ele usa a razão antes de reagir e segue ensinamentos bíblicos: “Não retribuas a nenhum homem mal por mal; procurai as coisas honestas à vista de todos os homens. Se for possível, no que depender de vós, vivei em paz com todos os homens. Amados, não vos vingueis a vós mesmos, mas dai lugar à ira, porque está escrito: a vingança é minha; Eu recompensarei, diz o Senhor” (Romanos 12.17-18).

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