Um ano depois da tragédia

Quando já se aguardava o início das chuvas e do encerramento de uma época de incêndios, no mínimo, aterradora, eis que o verdadeiro inferno tomou conta do país com mais de 500 focos de incêndio naquele que foi “o pior dia do ano” de 2017

Mais de 440 ocorrências registadas pela Proteção Civil, várias localidades evacuadas e outras tantas estradas cortadas… as chamas ceifaram a vida a meia centena de pessoas e marcaram para sempre o corpo de quase o dobro.
Casas queimadas, empresas em cinzas, animais incinerados… nunca se vira nada assim. Lousã, Sertã, Seia, Arganil, Castelo Branco… foram algumas das localidades fustigadas. No concelho de Oliveira do Hospital, pelo menos 8 pessoas morreram, e mais de uma centena de famílias foram desalojadas.
No total, cerca de 200.000 hectares foram consumidos pelas chamas, incluindo perto de 80% da superfície do Pinhal de Leiria, plantado no século XIII.

Coração Universal

Foram mais de quatro toneladas de água potável, alimentos e roupas angariados em todas as Igrejas Universal em Portugal aquando da tragédia que teve lugar em Pedrógão Grande no verão de 2017, os quais foram distribuídos pela população mais necessitada.
A 15 de outubro, na tragédia que se registou uns meses mais tarde, o movimento solidário novamente alastrou-se por todo o país, com a angariação de alimentos e, essencialmente, de água potável, que chegou à população de forma direta, ou seja, pela mão dos voluntários da Obra Social, que foram incansáveis na distribuição dos bens de primeira necessidade.
Essa união solidária teve e tem por base pastores, obreiros e voluntários que, mesmo durante a noite, continuaram a realizar o seu trabalho de forma contínua, oferecendo tanto apoio físico, como espiritual, a quem do mesmo carecesse.
Esta é a recorrente tarefa do braço social da Universal, que está presente para apoiar a todos sempre que a ocasião assim o impõe.
Outros setores onde a Universal também realiza um trabalho de solidariedade social é junto dos reclusos, dos sem-abrigo, das vítimas de violência doméstica, dos idosos… nunca deixando de fora qualquer pessoa que se encontre marginalizada pela sociedade.

As vítimas

13 horas terríveis
Alcino, uma das vítimas do incêndio de 2017, falou à universal.pt junto da casa que perdeu um ano antes. Roupas, ferramentas, pinhal… nada sobrou da casa, embora secundária, onde os seus pais moravam. Há, precisamente, um ano atrás, Alcino descrevia o horror vivido, naquelas que foram as piores 13 horas da sua vida. Chegou a ficar ferido na perna, quando tentava combater as chamas juntamente com os bombeiros e ainda hoje para ele é difícil recordar a noite fatídica. “É muito complicado relembrar os acontecimentos de há um ano, porque trazem sempre más recordações, o sofrimento e a angústia de ver tudo a perder-se. Ver que o resultado de uma vida de trabalho, em poucos minutos, desapareceu. E existem coisas que nem o dinheiro permite recuperar… tudo foi destruído. Esta casa específica ainda não foi possível reconstruir, pois exige muita documentação e exigências dos serviços competentes, por isso, a minha vida ainda está em fase de recuperação…
De há um ano para cá, algumas pessoas reconstruíram as suas vidas, mas outras ainda enfrentam graves problemas. No entanto, no meio de tudo o que aconteceu, tenho a destacar o trabalho da Obra Social da Igreja Universal, pois foram inscansáveis. Fizeram o impossível para chegar a todos os cidadãos, sem olhar a meios.”

Alcino Oliveira (Lousã)

Casa salva das chamas

Na altura, Carina afirmava que em 32 anos de vida nunca visto nada assim! “Depois de uma noite acordada a tentar apagar o fogo, quando fui tentar descansar, só via as imagens da tentativa de resgatar uma familiar já idosa. Tivemos de fugir, tentámos voltar para o mesmo lugar e já não conseguimos, pois o fogo virou. Parecia que tínhamos entrado num túnel de fogo, mas conseguimos refugiar-nos na casa de uma familiar”, relembra a jovem, cujas casas ao redor arderam, mas a sua não, atribuindo a salvação à sua fé em Deus.
Hoje em dia, ao reviver a data, ela fá-lo de forma tranquila, pois recorda com gratidão a Deus tudo o que passou e superou. “Hoje está tudo em ordem, fazendo a minha parte e Deus, sempre na frente, a abençoar todo o meu esforço.” Quanto ao processo de reconstrução, Carina diz que tem observado por parte das entidades locais responsáveis um esforço no sentido de apoiar a todos os níveis os verdadeiros lesados.
Já no que respeita à intervenção da Universal em todo este processo, a jovem afirma. “Foi um apoio incessante muito próximo e dedicado. Foram reunidos todos os esforços e organizados vários movimentos no sentido de apoiar moral e fisicamente, através da distribuição de bens alimentares, vestuário, além do apoio psicológico, espiritual, inclusivamente com abraços e uma palavra encorajadora.”

Carina (Oliveira do Hospital)

Apoio crucial no meio da tragédia

Maria da Assunção ficou psicologicamente muito abalada com tudo o que aconteceu a 15 de outubro de 2017. “Tenho uma imagem muito forte na minha cabeça, porque por trás da minha casa havia uns armazéns de botijas grandes que rebentaram com o fogo e as chamas passaram por cima da minha casa. Graças a Deus, Ele guardou-nos, quando tudo foi destruído pelas chamas”, relatou na altura o fenómeno que diz hoje que nunca irá esquecer, embora hoje afirme estar bem e já ter superado. Relativamente à reconstrução à sua volta, diz que o que vê é muito pouco, mas que as pessoas se vão ajudando mutuamente e, gradualmente, reconstruindo.
Porém, o que ressaltou para Maria na época trágica foi a atuação da Obra Social da Universal que, segundo ela, ajudou a muitas pessoas, inclusivamente a ela. “Bens materiais, apoio psicológico e espiritual… para mim, esse apoio foi muito importante, ter uma palavra amiga, numa hora tão difícil”, relata.

Maria Assunção (Oliveira do Hospital)

Reconstrução… a luz ao fim do túnel

Muito traumática… é desta forma que Maria Violinda retrata o que sucedeu há um ano atrás. “Tudo o que eu tinha ficou reduzido a cinzas. Fiquei sem casa, sem roupas… é uma situação que nem é bom recordar.” Quando questionada sobre o processo geral de reconstrução que tem observado de há um ano para cá, Violinda revela-se alheia ao mesmo. “Não vejo ajudas, nem reconstruções. Na hora fizeram muitas promessas, mas essas não se realizaram, até agora estou à espera!”, garante, afirmando ainda que o facto de hoje estar bem e de estar a reconstruir uma casa melhor e com tudo de qualidade superior ao que tinha antes, isso apenas se deve a Deus.
Já ao papel que a Universal teve na altura, Violinda garante que o mesmo foi determinante. “A IURD foi muito importante, pois apoiaram-me nas minhas primeiras necessidades e espiritualmente também. Não me deixaram sem assistência, no momento em que mais precisei”, conclui.

Maria Violinda (Oliveira do Hospital)

Dados do dia 15 de outubro de 2017

– Em Lousã, perto de 700 bombeiros combateram as chamas
– O fogo começou no concelho da Sertã, acabando por passar para Pampilhosa da Serra, onde se perderam cerca de 500 infraestruturas e arderam 30.000 hectares, deixando apenas 20% do município por arder.
– No Pinhal de Leiria, cerca de 500 homens estiveram no terreno
– Em Seia, mais de 400 bombeiros tentaram travar o incêndio
– Em Nelas, o fogo consumiu grande parte da zona sul do concelho
– O concelho de Oliveira do Hospital foi fustigado por dois incêndios
– Em Penacova, São Pedro de Alva, o fogo provocou 5 vítimas mortais e consumiu 28 habitações permanentes, cerca de uma dezena de empresas e seis mil hectares de floresta.
– Em Quiaios, Tocha, Mira, Vagos e Ílhavo, arderam cerca de 25.000 hectares de floresta.