Aos 12 anos, Luísa queria ser como os mais populares na escola e foi isso que a fez ir por um caminho quase sem retorno
“Eu era muito rebelde, então, queria chamar a atenção das pessoas. Da primeira vez, por querer ir passar o fim de ano com os meus amigos e não me deixarem, tomei todos os comprimidos que havia em casa e fui parar ao hospital. Os meus pais acabaram por me fazer a vontade. Foi nessa mesma ocasião que fumei pela primeira vez um charro. A partir daí foi o enveredar por um mundo desconhecido.”
VIDA MARGINAL
“Todos os meus amigos consumiam, em suma, já estava no ambiente sem ainda consumir. Começámos a partilhar uma vontade, pois, embora as pessoas dissessem que era errado, para nós era certo. Fazíamos assaltos, pois, para nós havia uma adrenalina, era divertido e eu queria cada vez mais, coisas mais perigosas. Vivia cada dia como se fosse o último, não tinha noção do risco. Vivia à margem da sociedade, de tudo.”
AS TENTATIVAS
“De início era um vício mais a nível psicológico, mas, depois, o corpo começou a ter a adição física. Quando começou a faltar o dinheiro, a solução era passar para as drogas injetáveis. Gastava tudo o que tinha no mesmo dia e, no dia seguinte, tentava arranjar dinheiro de outra forma. Só tinha uma solução: ou ia presa ou morria. Entrei no programa de metadona e consegui deixar a heroína a nível de adição. Deixei momentaneamente, inclusivamente, tive o meu primeiro emprego e comecei a integrar-me socialmente. Grande parte das minhas amigas da altura já não estão cá. Recentemente uma suicidou-se e muitas estão com a saúde completamente degradada.”
A SUPERAÇÃO
“Na minha segunda gravidez, como sempre me envolvi com pessoas ligadas ao tráfico, aos 4 meses de gravidez vi-me sozinha. Pensei dedicar-me aos vícios sem pensar nas consequências. A minha mãe não aceitou e levou-me à Universal para que eu reagisse. Comecei a lutar, deixei de consumir, deixei o tabaco, de sair à noite. Comecei a estudar, a apostar em mim, a fazer desporto. Quem me vê hoje em dia nunca diria que tive este passado. Tenho superado todos os dias! Obtive a estrutura, para conquistar o que sou hoje! Por mais programas ou terapias, os vícios não se conseguem deixar de outra forma, só Deus pode resolver este problema!”
Luísa
