O que você tem feito por seu casamento

No último Dia dos Namorados, muitos casais trocaram presentes, realizaram surpresas, fizeram passeios românticos e prestaram homenagens nas redes sociais. Para eles, essa data foi marcada por diversas demonstrações de carinho, admiração e amor. Mas será que essas atitudes realmente expressam como o casal vive nos outros 364 dias do ano?

Muitos namorados e casados aparentam que são felizes em datas comemorativas, aniversários e outros momentos especiais, mas vivem frustrados. Isso acontece, geralmente, porque não cultivam o relacionamento no dia a dia.

A terapeuta e coach Margareth Signorelli (foto a dir.) explica que os casais precisam ter diariamente as mesmas atitudes que têm em datas específicas. “Precisamos nos sentir amados e conectados com a pessoa com quem convivemos para manter um relacionamento saudável. Então, se os parceiros não mantiverem momentos de carinho e atenção um com o outro, independentemente de datas comemorativas, estarão apenas interpretando personagens”, afirma.

Os cuidados com o parceiro e com o relacionamento fazem a diferença para que o casal possa viver uma relação para a vida toda. Isso quer dizer que não adianta ganhar presentes, chocolates e flores se no dia a dia não houver paz, harmonia, companheirismo, respeito, tolerância, entre outras atitudes necessárias para o bem da união. “A falta de cuidado pode fazer com que percamos um dos nossos maiores bens. Então, estar atento e investir no relacionamento é a melhor solução para que isso não aconteça”, reitera Margareth.

O problema é que muitos casais investem no relacionamento na fase do namoro ou no início do casamento e com o passar do tempo deixam que as circunstâncias que surgem afetem a vida conjugal. “Se o começo era cheio de romantismo, devemos pensar o que fez com que isso não fosse mantido. Por exemplo, se houve afastamento quando o filho nasceu ou por excesso de trabalho, é preciso fazer novas ações para ter um tempo juntos”, orienta a terapeuta.

Sacrifício mútuo

Acordar com um belo café da manhã na cama, receber um lindo buquê de flores, dividir o mesmo sorvete em um dia de sol são alguns gestos românticos vistos em filmes de Hollywood. É claro que essas cenas também podem fazer parte da vida de muitos casais, mas não são somente elas que servem para traduzir o que é o verdadeiro amor na vida real. Amar de forma inteligente exige sacrifício de ambos.

Para que o casamento seja feliz e duradouro, marido e esposa precisam cuidar um do outro. Deus criou o homem com a função de “cuidador”e a mulher com o papel de “auxiliadora”. A ideia de Deus para o casamento era de que o homem servisse a mulher e vice-versa. “O problema é que muitas pessoas entram no casamento pensando apenas em ser servidas. Por isso, em meio a uma disputa egoísta, logo vêm as cobranças”, aponta a psicoterapeuta de casais Helena Vegas Mattos.

Ela explica que, em vez de exigir, cada cônjuge deve oferecer ao outro o mesmo que deseja para si. “Quando um faz os gostos do outro para o bem dele certamente será agradado por ele também.”

Essas atitudes não existiam na vida conjugal de Tatiane Zaminhani, de 32 anos, e Daniel Zaminhani, de 33 anos (foto a esq.). Desde o namoro, eles tiveram um relacionamento conturbado. Quando resolveram morar juntos, Tatiane queria que a relação dependesse apenas dos interesses dela. “Eu vivia a minha vida do meu jeito. Se ele quisesse se enquadrar nela, tudo bem, senão, vivíamos do jeito que dava. Tudo o que eu queria tinha que ser feito”, diz.

Além disso, eles não compartilhavam somente entre os dois os gostos que tinham em comum. Em vez disso, estavam sempre acompanhados de amizades que atrapalhavam o relacionamento. “Não tínhamos programas de casal, porque sempre estávamos rodeados de amigos em baladas, com bebidas e drogas. Priorizávamos os amigos porque considerávamos que eles tinham aparecido na nossa vida antes do nosso relacionamento”, afirma.

Tatiane sempre demonstrava muito ciúme de Daniel e era agressiva ao falar com ele. “Eu sempre arrumava um motivo para brigar, precisava ter alguma coisa pra arrumar confusão e chamar atenção de alguma forma”, relembra.

Em contrapartida, Daniel a enganava. “Eu tinha a Tatiane como um troféu e imaginava que nunca iria perdê-la. Como lhe dava tudo de que precisava, me achava no direito de fazer o que eu quisesse.”

Todas essas atitudes fizeram com que eles brigassem cada vez mais. Com isso, Tatiane acabou se envolvendo com outro homem. Quando descobriu a traição, Daniel entrou em desespero. “Quis matar o rapaz e ia direto na casa dela, com sede de vingança. Estava dominado pelo ódio”, se recorda.

Depois de um tempo, ele foi convidado pela mãe para participar da Terapia do Amor na Universal. “Nas palestras, aprendi que tinha que lutar por mim e que eu precisava mudar primeiro o meu interior”, reconhece.

Após um tempo de separação, Tatiane, que tinha se frustrado com o novo relacionamento, soube da mudança de Daniel e o reencontrou. Contudo não reataram de imediato. “Ele esperou que eu também tivesse a transformação dentro de mim e só aí reatamos e nos casamos oficialmente.” Ela ressalta que hoje eles vivem felizes. “Renunciamos nossas vontades para viver em harmonia”, justifica.

Cuidados

No casamento, marido e esposa devem dar atenção um ao outro, mesmo quando estão fisicamente distantes. Preparar a roupa que o marido usará pela manhã e fazer um café todo especial e saudável são atitudes que parecem banais, mas são valiosas. “O homem deve ter atenção para os sentimentos da companheira e demonstrar o quanto ela é importante para ele de diferentes formas. Já para os homens alguns pequenos detalhes são muito significativos, como respeitar o que ele fala, fazer o seu prato preferido, passar sua roupa, etc.”, exemplifica Margareth.

Tamires de Jesus Reis e Vitorino Pereira dos Reis Neto, ambos de 26 anos (foto a dir.), só entenderam que o cuidado com o cônjuge era importante depois que se divorciaram. Assim que se casaram, em 2010, Tamires já percebia a falta da atenção do marido. “Ele ficava muito tempo com a família dele, com o carro dele ou no trabalho. Eu estava em último plano.”

Por causa dessa carência, Tamires vivia desconfiada e acabava tendo atitudes que prejudicavam ainda mais a relação. “Ela fazia de tudo para chamar minha atenção, mas fazia isso de forma equivocada, demonstrando possessividade”, conta Vitorino.

O problema é que ele também retribuía de forma errada. “Para evitar brigas, eu sempre me mantinha ocupado. Passava minha folga inteira na casa dos meus pais, deixava de sair com ela, passava horas no fim de semana lavando o carro, etc.”

De tanto evitar ficar a sós com a esposa, ela foi se acostumando com a ausência do marido e, então, foram se distanciando. Até que um dia, Tamires descobriu que estava sendo traída e saiu de casa. “Vi uma conversa íntima dele com uma colega de trabalho pelo celular e para mim foi o fim do casamento”, pontua.

No período que estavam separados, Tamires percebeu que ainda o amava, mas Vitorino preferiu o divórcio. Então, ela começou a frequentar as palestras da Terapia do Amor, nas quais aprendeu como deveria fazer para ser feliz no relacionamento. “Fui aprendendo que não podia usar a força do meu braço para tirá-lo da pessoa que tinha se tornado a namorada dele. Eu precisava cuidar de mim, me tratar primeiro e Deus iria restaurar tudo na minha vida”, descreve.

Logo depois, Vitorino acabou sendo traído pela nova namorada. Ele procurou Tamires, que já estava colocando em prática o que estava aprendendo nas palestras. “Passei a também frequentar a Terapia do Amor e consegui curar todas as feridas do nosso primeiro casamento e esquecer o sentimento que eu nutria por aquela pessoa que havia sido o pivô da nossa separação. Também aprendi como tratar minha esposa e como ser um bom marido sem deixar de ser um bom filho”, aponta Vitorino.

Em 2016, eles se casaram novamente e hoje fazem do casamento a prioridade. “Mesmo com dois filhos pequenos, fazemos o que não fazíamos nem na época do namoro. Mesmo com as obrigações do trabalho, da faculdade e dos trabalhos sociais que desenvolvo, me dedico à minha esposa. Aprendi a administrar o meu tempo e a definir prioridades e hoje ela é prioridade para mim”, ressalta Vitorino.

Ingredientes

Alguns defeitos ficam “escondidos” durante a conquista e por isso algumas atitudes surpreendem depois da oficialização da união. Por isso, para manter o casamento, é importante saber lidar com as diferenças e manter o respeito um pelo outro. “É preciso respeitar o seu cônjuge, apesar das divergências de opinião. Um precisa das habilidades do outro para crescer como pessoa e ser bem-sucedido em todos os aspectos”, diz o psicanalista Heitor Mendes Sá.

Outro ingrediente que o especialista ressalta é cultivar a cumplicidade. “Quando o casal é amigo, se sente confortável para falar sobre tudo, rir das coisas bobas e dividir medos.”

Esses conselhos foram colocados em prática por Aline Oliveira de Souza, de 36 anos, e Carlos Alberto de Souza, de 37 anos (foto a esq.), que também aprenderam a cuidar da relação com a Terapia do Amor.

Ela conta que o jeito que age com o marido hoje não seria possível tempos atrás, quando era bastante insegura. “Ele tinha uma banda de pagode e saía muito com os amigos. Eu vivia desconfiada.”

As desconfianças de Aline eram reforçadas pelas atitudes incorretas de Carlos, que se comportava como um homem solteiro. “Eu vivia flertando com outras mulheres, por causa do ambiente que frequentava”, conta.

As relações dele se tornaram perigosas a ponto de resultar em traição. “Naquela época, ele tocava em uma pizzaria e eu recebi uma ligação de uma pessoa que me contou que ele estava me traindo. Fui até o local e peguei os dois em flagrante”, alega Aline.

Apesar do sofrimento, Aline perdoou a traição e os dois decidiram morar juntos. Ela queria que ele firmasse o compromisso deles, mas também não tinha atitudes que colaborasssem para isso. “O fato de eu não saber cuidar dele contribuía para que ele agisse daquela maneira.”

Quando Aline engravidou, as diferenças entre o casal começaram a ficar ainda mais evidentes e as brigas passaram a ser piores “Eu prometi que não ia tocar mais na banda, mas, quando ela ficou grávida, pensei que eu poderia me sentir ainda mais preso. Então, comecei a sair mais ainda”, reforça Carlos.

Eles viveram dois anos nessa situação, até que Carlos, a convite da mãe, decidiu aprender sobre o amor inteligente na Universal. Depois de alguns meses, Aline soube da mudança de Carlos e, então, decidiu dar uma chance novamente para a relação dos dois.

A oficialização do casamento aconteceu em 2006. Desde então, eles mantêm o respeito e a cumplicidade no relacionamento. “Hoje faço o que puder e o que não puder sempre pensando no bem da minha família”, destaca Carlos.

Plantar para colher

Em palestra recente da Terapia do Amor no Templo de Salomão, na capital paulista, o Bispo Carlos Cucato ressaltou que muitos casamentos não dão certo porque os casais não plantam o que querem colher. “Se eu quero colher batata, tenho que plantar batata. Então, se você quer colher elogio, por que só fica plantando crítica? Quer colher o futuro e só planta passado. Quer colher carinho, mas apenas planta ‘patada’. Quer colher compreensão, mas só fala gritando”, exemplifica.

Ele destacou que para conseguir plantar certo é necessário que exista unidade no casamento. “Por que os casamentos de hoje não funcionam? Porque os dois ainda não se tornaram um. Na prática, devo ser para minha esposa como eu quero que ela seja para mim”, aconselha.

Cíntia Cucato, que também ministra as palestras ao lado do marido, reiterou que é preciso verificar o que impede os cônjuges de se tornarem um para praticarem atitudes saudáveis todos os dias. “Se tornar um não depende do fato de se casar, mas sim mostrar no dia a dia suas atitudes. A base é o sacrifício, é ter compreensão, é ter aquele dia que a língua coça para falar algo, mas você pensa: ‘não vou falar porque vai fazer mal para o meu casamento’”, aponta.

Portanto, é preciso regar diariamente as sementes que nutrem o casamento para que ele se fortaleça e dê sempre bons frutos. “Toda atitude que você tiver gera uma semente que é uma ideia. Se vier uma sementinha ruim e você plantar, vai colher errado. Mas, se você plantar a boa semente, vai colher sempre certo no seu relacionamento”, recomenda Cíntia.

Fonte: Universal

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2018-07-02T10:05:23+01:00
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