Doomscrolling

Obsessão por más notícias tem nome

Por que é que o ser humano tem obsessão por más notícias? É a pergunta que se coloca, a qual resulta de uma profunda reflexão que nasceu há mais de doze meses. Foi, de facto, há mais de um ano atrás que, todos os dias, os noticiários passaram a revelar o número de mortos e de contaminados pelo coronavírus, para além das tragédias, homicídios, traições e casos de corrupção que habitualmente já noticiavam. O grande problema é que há pessoas que se alimentam diariamente disso.

Logo pela manhã, assim que abrem os olhos, vão atrás dessas informações… estão a almoçar e a ouvir esse tipo de notícias… à noite, ao jantar, o cenário repete-se e a pergunta que se coloca é: o que é que isso provoca no cérebro?

NO TELEMÓVEL

Só ao deslizar o dedo interminavelmente pelo ecrã, você já percebe que as notícias são preocupantes. Uma pior que a outra. No entanto, algo o prende àquela atividade e, mesmo que as sensações sejam desagradáveis, você continua a ler cada uma das notícias. Identificou-se? Acontece que você não está sozinho. Neste período de pandemia, essa prática tem sido cada vez mais comum, e os norte-americanos chamaram-na de doomscrolling (numa tradução literal, seria algo como ‘rolagem da desgraça’).

ORIGEM

O termo ganhou popularidade logo no início da pandemia, em março de 2020, quando o norte-americano Kevin Roose, do The New York Times, fez uma reportagem sobre como acompanhar as notícias a respeito da Covid-19. “Eu tenho feito muito desse tipo de doomscrolling recentemente, agitando-me a ponto de sentir desconforto físico, apagando qualquer esperança de uma boa noite de sono. Talvez você também tenha feito isso. Não há nada de errado em manter-se informado. Mas precisamos praticar o autocuidado e equilibrar o nosso consumo de notícias ruins com tipos mais suaves de estímulo, para a nossa saúde e a sanidade das pessoas ao nosso redor”, escreveu, na ocasião.

MOTIVO

Tal como um comportamento recorrente que se traduz numa adição, as más notícias consecutivas tendem a levar o consumidor a querer saber sempre mais e com mais detalhes. E, de facto, a enxurrada de notícias preocupantes em torno da Covid-19 tem sido um dos principais pontos responsáveis pelo impacto que a pandemia tem causado na saúde mental. A grande conclusão a que se chegou através de diferentes estudos foi que consumir informações negativas de forma obsessiva deixa um misto de tristeza, impotência e medo no telespetador.

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