Dependência preocupante dos videojogos

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Um grupo de pediatras do Centro da Criança e do Adolescente do Hospital CUF Descobertas levou a cabo um estudo a fim de tentar estimar o grau de dependência de videojogos nas crianças portuguesas e os eventuais impactos, tendo concluído que 3,9% das crianças inquiridas revelaram comportamentos típicos de dependência e um terço (33,3%) foram consideradas em risco.

Com o intuito de tentar combater este crescente flagelo, a Academia Americana de Pediatria deixa  algumas recomendações: antes dos 18 meses, os ecrãs devem ser evitados e, a partir daí, deve haver supervisão parental. Entre os 2 e os 5 anos recomenda-se até uma hora de ecrã. Em crianças mais velhas, mais do que impor limites de horas, um dos autores do estudo acima mencionado defende que os pais devem negociar com os filhos uma utilização que não interfira com as restantes atividades. “O que costumo dizer é que é importante não estar muito tempo seguido a jogar, fazer pausas e procurar ter outras atividades. Se calhar num dia livre jogar duas horas não será excessivo mas num dia de escola, em que se chega a casa às 18h, se se joga duas horas, não há tempo para mais nada, para a relação social com a família, contar o dia aos pais”, aconselha Hugo Faria.

Para além disso, é importante que os pais estejam atentos a sinais como o excesso de ansiedade ao largar o videojogo ou a situações em que a ida de férias para um sítio sem computador é um drama para a criança. Conversar e estabelecer limites será o primeiro passo mas em casos mais preocupantes os pais deverão mesmo procurar ajuda, recomenda o pediatra.

Um comportamento que começa, muitas vezes, na infância e que se não é logo detetado e tratado se pode agravar na juventude, tal como aconteceu com Josué Reis, que viu a sua vida pessoal, familiar e escolar ser afetada negativamente pelo seu vício em jogos de playstation.

“Quando estava na escola não via a hora de chegar a casa e jogar. A minha mente só estava no jogo e, assim que chegava a casa, ia direto para o quarto jogar em vez de ir fazer os trabalhos de casa e estudar.

Preferia mesmo estar envolvido com os jogos do que com a minha família. Não tinha qualquer comunicação com os meus pais e irmãs. Só saia do quarto para jantar.

Queria estudar mas não tinha forças para largar o vício e acabava sempre por trocar os estudos e os relacionamentos pelos jogos. Tudo isso durou entre 4 a 5 anos, acabando por me prejudicar  também em termos sociais, pois o que via nos jogos procurava imitar. Como as personagens se vestiam, também me vestia; como as personagens falavam, também acabava por falar; e houve uma vez que ao me provocarem tentei golpear a pessoa tal como via fazer no jogo.

Enfim, esse foi um dos meus grandes problemas, para além do vazio que sentia e de ser ainda viciado em pornografia e masturbação. Mas ao chegar à Universal, comecei a aprender a dominar-me e a libertar-me dos maus hábitos. Sacrifiquei tudo pela minha libertação, inclusive vendi a Playstation, o que me custou imenso, pois dependia dela. Mas consegui libertar-me de todos os vícios que tinha e hoje tenho um relacionamento estável com os meus pais e as minhas irmãs. Para além disso, estou a namorar e a construir um relacionamento estável. Agora, trabalho e tenho projetos para o futuro. Tenho paz e estou muito feliz.”

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Fonte: ionline.sapo.pt

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