A árdua tarefa de ser mãe

“Ser mãe é padecer no paraíso” diz o ditado popular. Na prática, entretanto, a rotina das mães parece estar bem longe da tranquilidade de um paraíso. Pelo menos é isso que aponta uma pesquisa norte-americana que acompanhou as atividades semanais de 2 mil mães com filhos com idades entre 5 e 12 anos. E qual foi o resultado? As mães gastam 98 horas por semana com os afazeres diários. Para quem acha que isso é pouco, basta dizer que o período equivale ao tempo dedicado a mais de dois empregos em tempo integral.

O estudo revelou que as mães começam suas atividades diárias bem cedo, às 6h23, e a jornada só termina por volta das 20h31. As tarefas surgem até nas horas vagas e muitas mães não conseguem ter um período de descanso nem no fim de semana. A maioria das entrevistadas disse que tem apenas pouco mais de uma hora diária para si mesmas, quando elas vão ao banheiro ou tomam um banho rápido. O levantamento é da empresa norte-americana Welch´s Foods. Então, de que maneira as mães podem lidar com tantas tarefas?

Planejamento

Como toda atividade que exige muitas horas de dedicação, a maternidade precisa de planejamento. Quem explica é a coach Aline Marra, palestrante master trainer na Febracis e mãe de Enrico, de 6 meses. “A mulher que se torna mãe tem que ser muito organizada porque o filho nos tira totalmente da zona de conforto. Ser mãe exige muita disciplina e principalmente foco, pois é uma atividade extremamente desgastante, de período integral”, diz.

Apesar da carga intensa, Aline garante que é possível vivenciar essa fase de forma positiva. “O principal para gerir a maternidade com tranquilidade é ter leveza e encarar esse período como um momento positivo.”

Segundo ela, a organização da rotina com o filho pode começar antes mesmo do nascimento do bebê. Para isso, é fundamental que os genitores valorizem o diálogo. “O ideal é conversar bastante antes da chegada do bebê. Por exemplo, meu esposo e eu pesquisamos muito sobre os primeiros meses de vida para entender o que uma criança demanda e compartilhar as tarefas. O pai não pode amamentar, mas pode colocar a criança para dormir”, detalha.

Aline sugere algumas ferramentas para ajudar as mães a se organizar. “A mulher pode ter uma agenda para não se perder em meio às tarefas diárias e planejar suas atividades pessoais. Além disso, sugiro fazer um mural de imagens com sonhos e metas de vida”, ensina. Ela acredita que as mulheres não podem esquecer que têm outros papéis além da maternidade. “Nossa vida é um sistema com várias áreas, como a financeira, profissional, emocional, conjugal, etc. É importante buscar um equilíbrio entre todas elas.”

Ansiedade

Cristiane M. Maluf Martin, psicanalista e especialista em terapia de casais e planejamento familiar, diz que a maternidade exige preparo emocional. “Se a mulher estiver totalmente envolvida só com as questões do outro, mesmo que o outro seja seu filho, ela pode ter baixa autoestima e se distanciar de si mesma. O excesso de atividades pode levar ao desenvolvimento de sintomas físicos, como palpitação e labirintite emocional, porque a mulher se sente em uma guerra. Isso pode gerar até transtorno de ansiedade ou síndrome do pânico”, destaca, acrescentando que em alguns casos é recomendável o auxílio de especialistas.

Segundo ela, as mulheres que são mães precisam dedicar um período do dia a si mesmas para evitar frustrações e transtornos. “A mulher deve separar um tempo para fazer o que gosta, como leitura ou um banho mais demorado. Essa válvula de escape vai fazer com que ela se sinta mais feliz. É importante estar consciente de que a situação não vai mudar do dia para a noite e de que ela precisará ter bastante energia por muitos anos, até que a criança se torne mais independente”, avalia ela, que tem três filhos: João Victor, de 13 anos, Giovana, de 18, e Gabriela, de 21.

Valores

Além dos cuidados diários com a criança, ensinar valores e ética aos pequenos é outro desafio, como destaca o Bispo Francisco Decothé, responsável pela reunião Transformação Total de Pais e Filhos, que ocorre no Tempo de Salomão, em São Paulo. Ele sugere que pais e mães coloquem em prática o provérbio 22:6, que indica: “Educa a criança no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele”.

O Bispo lembra que ter filhos é o sonho de muitos casais, mas, antes de tomar essa decisão, é preciso fazer algumas ponderações, como estar ciente de que não é possível ter controle sobre os filhos durante toda a vida. Para ele, o maior desafio é apresentar a fé à criança. “A minha maior felicidade foi os meus filhos terem nascido de Deus, pois hoje, muito mais do que meus, eles são filhos de Deus”, conclui ele, que é pai de Tiago e Amanda.

Fonte: Universal